O novo decreto do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), que amplia o intervalo entre as viagens e reduz o horário da disponibilidade do transporte público na cidade a partir desta terça-feira (7/7) deve provocar um aumento na lotação dos coletivos. A avaliação do médico especialista em Tráfego e membro da Comissão de Assuntos Políticos da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (ABRAMET), Alysson Coimbra de Souza Carvalho, é a de que a medida amplifica o risco de contaminação pelo novo coronavírus nos veículos para aqueles trabalhadores que desempenham serviços fundamentais e, portanto, têm que sair às ruas.
Pelas novas regras, os intervalos entre as viagens não poderão ser superiores a 60 minutos. Antes, o limite era 30 minutos nos horários de pico. Nos dias úteis, o transporte estará disponível das 5h às 21h59. Aos sábados, das 5h às 20h59 e, aos domingos e feriados, das 6h às 9h59 e das 16h às 19h59. “A intenção é boa, mas a medida penaliza os trabalhadores que têm que sair todos os dias. E amplifica os riscos a que eles estão sujeitos, na medida em que aumentará a lotação dos coletivos”, avalia.
O médico explica que os ônibus são focos de aglomerações, amplificando o risco de contaminação, que pode acontecer também por meio de superfícies que contenham o vírus. “Pelo decreto anterior, os coletivos não poderiam circular com pessoas em pé e deveriam oferecer álcool em gel para os usuários. Na prática, vemos que nem sempre isso acontece. A fiscalização é outra dificuldade encontrada para garantir o cumprimento das determinações públicas. É complicado que somente os motoristas e cobradores fiscalizem a aplicabilidade das medidas amplamente divulgadas. Essa possibilidade também cabe ao usuário, por meio de denúncia aos órgãos competentes”, afirma o especialista.
Carvalho entende a necessidade de adotar medidas para garantir que as pessoas fiquem em casa. “A redução da circulação de pessoas nas ruas não vai acontecer pela privação do transporte, mas pelo convencimento e entendimento do grave momento que a população atravessa em Minas Gerais”, pontua.
Para minimizar o risco de contaminação, seria importante manter o intervalo de 30 minutos pelo menos nos horários de pico. “A Associação Mineira de Medicina de Tráfego (AMMETRA) divulgou uma cartilha com orientações para empresas, funcionários e usuários com dicas para o uso seguro do transporte coletivo. O material está disponível nas nossas redes sociais (www.instagram.com/ammetraoficial/ e www.facebook.com/ammetra)”, completa Carvalho.
A Capital mineira permanece em alerta máximo, com uma alta taxa de ocupação de leitos. Segundo o último boletim divulgado pela PBH, a cidade contabiliza 7561 casos confirmados e 169 mortes. Em todo estado, são quase 61 mil confirmações e 1282 óbitos.