Em 2020, uma pesquisa feita pela ONU revelou um dado assustador: 90% da população mundial tem preconceito contra a mulher. Apesar dos avanços dos últimos anos, o estudo mostra que o machismo, a homofobia e o racismo estão muito mais presentes em todos os países do que se imaginava. E isso é uma notícia desastrosa não só para a sociedade em todos os aspectos, mas também para as empresas.
Segundo o especialista em gestão empresarial e recuperação de empresas, Ricardo Souza, os preconceitos atravancam o desenvolvimento de uma companhia. “O machismo e toda forma de preconceito determinam quem vai fornecer para uma empresa, quem vai comprar dela e, principalmente, quem serão as pessoas que terão cargos de poder e decisão. Quando se limita o acesso de alguns grupos, se limitam as chances de desenvolvimento”, diz Souza, que já comandou empresas como a Sympla e o iFood.
O especialista afirma que as companhias decolariam se fizessem um trabalho forte para combater o preconceito e promover a diversidade em todos os setores. “Quando o ambiente é saudável e todos são tratados com dignidade e igualdade, a produtividade melhora. Além disso, dar voz a todos aumenta a criatividade fundamental para a solução de conflitos, desafios e para o crescimento”, comenta.
Como bem ilustrou a pesquisa da ONU, não é difícil supor que nem todos os donos estão mais preparados para entregar o comando de suas empresas a mulheres. E isso, diz Souza, é um erro grotesco. “Mark Zuckerberg não cansa de falar que quem toma conta do Faccebook, a maior empresa de mídia do mundo, é uma mulher, Sheryl Sandberg. O que não faltam são exemplos de companhias bem-sucedidas comandadas por mulheres. Outro exemplo é a gigante Apple, que tem como CEO Tim Cook, assumidamente gay. Essas empresas não chegariam onde chegaram se mantivessem atitudes preconceituosas”, afirma Souza.
O especialista afirma que organizações que promovem a diversidade e inclusão se destacam e atingem um novo patamar. “Quando uma organização combate abertamente o preconceito, os colaboradores aprendem e evoluem. Os clientes e fornecedores entendem abertamente o posicionamento da empresa e isso interrompe o ciclo do preconceito. E, o mais importante, os colaboradores se sentem acolhidos e começam a trabalhar de uma forma engajada, em sua capacidade máxima”, completa o especialista.
Consumo consciente
Outro benefício de combater o preconceito é a fidelização de clientes. Os brasileiros estão mais conscientes no momento de escolher os produtos e marcas que consomem. Segundo o Instituto Locomotiva, 96% dos consumidores entrevistados não comprariam produtos de marcas que, de alguma forma, não respeitem a diversidade. E 85% preferem marcas que apoiem e promovam iniciativas em prol da diversidade. “Manter uma postura preconceituosa afasta consumidores, não há mais dúvidas disso”, diz.