O número de motociclistas atendidos em decorrência de sinistros de trânsito em Belo Horizonte cresceu 21,6% nos quatro primeiros meses de 2023 em comparação com o mesmo período de 2022. Segundo dados do Hospital João XXIII, entre janeiro e abril deste ano foram atendidos 1.743 motociclistas. No ano passado, foram 1.433.
O atendimento a ciclistas teve uma alta ainda maior: 51%. Enquanto no ano passado 90 ciclistas foram hospitalizados em decorrência de sinistros, em 2023 o número saltou para 136. “O trânsito em 2023 está especialmente violento em Belo Horizonte. Tivemos inúmeros casos emblemáticos de motociclistas e ciclistas mortos no trânsito por causa da imprudência e da atitude criminosa de alguns motoristas que insistem em dirigir depois de beber. A violência no trânsito atinge de forma muito mais letal motociclistas, ciclistas e pedestres, conforme evidenciam pesquisas científicas”, afirma o diretor científico da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra), Alysson Coimbra.
Vulneráveis
Dados da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) mostram que os motociclistas são o elo mais frágil do trânsito. Por quilômetro percorrido, a probabilidade de morrerem em um sinistro de trânsito é 20 vezes maior do que quem se desloca em carros de passeio. No caso do pedestre, essa probabilidade é 9 vezes maior e, no caso dos ciclistas, 8 vezes maior.
O cenário em Belo Horizonte acompanha a tendência nacional. Segundo o mais recente Boletim ‘Cenário brasileiro das lesões de motociclistas no trânsito’, do Ministério da Saúde, a taxa de internação de motociclistas cresceu 55% entre os anos de 2011 e 2021. Enquanto em 2011 o número de internações foi de 70.508, em 2021 saltou para 115.709.
Além do grave problema de saúde pública, a alta taxa de sinistralidade custa aos cofres públicos R$ 50 bilhões por ano, conforme revelou pesquisa divulgada em 2020 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). “O estudo mostrou que boa parte desse prejuízo decorre da perda de produção das vítimas e sinistros. As consequências para as famílias são desastrosas, além de todo o impacto emocional, os sinistros de trânsito causam um impacto econômico muito grande, levando milhares de famílias para abaixo da linha da pobreza. É preciso interromper de vez essa cadeia de dor e sofrimento. O trânsito precisa ser encarado com a seriedade e a gravidade que merece”, completa Coimbra.