Transitar pelas rodovias brasileiras nunca foi uma tarefa fácil, mas ficou mais difícil nos últimos 10 anos. Um levantamento feito pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) revelou uma piora na conservação das rodovias. Em 2012, havia um ponto crítico a cada 372,4 quilômetros percorridos. Em 2022, o número passou para uma ocorrência a cada 44 quilômetros.
A esse cenário se somam outros fatores que tornaram as rodovias um espaço ainda mais violento nos últimos quatro anos: fiscalização sucateada, afrouxamento de normas do Código de Trânsito Brasileiro e a mudança de comportamento do motorista, que desde a pandemia passou a ser mais imprudente e agressivo.
Uma viagem segura se faz com uma combinação de fatores: estradas bem cuidadas; veículos em boas condições de circulação e motoristas saudáveis e aptos a dirigir. Se um desses requisitos falhar, a chance de acidente é grande.
E quando falamos em sinistros com ônibus e caminhões, a letalidade é maior. Por isso as entidades que atuam em segurança viária fazem campanhas constantes voltadas a esse perfil de motoristas e reforçam as orientações sobre os perigos do uso de transporte clandestino.
Cuidar da segurança viária é dever de todos: poder público, empresas e do cidadão. Por isso, além de intensificar a fiscalização nas rodovias, o poder público tem que criar campanhas de conscientização e educação sobre os riscos que a utilização de empresas clandestinas representa.
Companhias registradas em agências regulamentadoras têm que atender a uma série de requisitos, como fazer manutenções periódicas e preventivas dos veículos; cumprir a Lei do Descanso e realizar exames toxicológicos periódicos ou randômicos.
Quando se usa um transporte clandestino, o usuário não tem a segurança de que o motorista está apto a dirigir, descansado ou que o veículo está com a manutenção em dia. A fiscalização contra o consumo de álcool, que na maior parte das companhias é aplicada antes do início das jornadas, só é feita se o veículo eventualmente passar por uma blitz no caminho.
Como se não bastassem esses riscos, empresas clandestinas operam sem seguro. Em caso de acidentes, os passageiros estarão entregues à própria sorte, sem o suporte necessário. Por isso é imprescindível que as pessoas escolham sempre empresas regularizadas, verifiquem se os ônibus saem de terminais rodoviários, se estão com a identificação da empresa e guardem o bilhete de passagem.
Às empresas regulares, cabe a missão de cumprir todas as normas para garantir a segurança dos passageiros e ao poder público cabe intensificar a fiscalização e investir na infraestrutura das rodovias brasileiras. O trânsito só será, de fato, um espaço democrático e seguro quando todos fizerem a sua parte.