Desânimo, dificuldade de concentração, falta de motivação. Esses são alguns sentimentos comuns a milhares de brasileiros desde o início da pandemia. A sensação, que não chega a ser um esgotamento físico e nem se enquadra como uma depressão, foi definida pelo sociólogo Corey Keyes como definhar.
Nesse estágio, explica o psicólogo especializado em Crises e Emergências e especialista em RH, Alexandre Garrett, não há sintomas de doença mental, mas ele é um alerta de que a saúde mental não vai bem e requer cuidados. “Falta de motivação, queda na produtividade, dificuldade de concentração, medo do futuro e insônia são algumas reclamações mais comuns percebidas pelos RHs das empresas e pelos psicólogos”, comenta.
Garrett explica que o termo definhar se caracteriza pela sensação de estagnação e vazio. “O primeiro passo para reverter a situação é saber nomear os sentimentos e não sentir vergonha de buscar ajuda. Negar que algo está errado é pavimentar o caminho para a depressão e o adoecimento físico”, orienta.
E os efeitos dessa realidade já são sentidos nas empresas. “O medo de uma terceira onda, a crise econômica, a perda de familiares e companheiros de trabalho paralisou muitos líderes, desestabilizando a equipe. Isso levou as empresas a investirem ainda mais em programas de atendimento psicológico para seus colaboradores”, comenta Garrett.
Outro efeito provocado por essa sensação de definhar é a demora para a realização de tarefas. “Desestabilizado, o profissional tem mais dificuldades de realizar tarefas simples, tudo fica mais difícil”, conta.
O psicólogo, que atua há mais de 30 anos na Gestão de Pessoas, relata que setores de RH acompanham, por meio dos planos de saúde e do INSS, o aumento dos afastamentos por transtornos mentais. “Desde o início da pandemia, o número de licenças para tratar condições mentais cresceu 33%, e o número de consultas com psicólogos e psiquiatras também cresceu”, completa.
Garrett conta que, diante de uma crise como essa, a saída para se sentir mais motivado é estabelecer metas possíveis de serem realizadas. “Quando se define uma meta realista e ela é alcançada, isso motiva. Nesse momento de estagnação, se sentir desafiado pode nos tirar dessa situação e pode ajudar a manter a concentração para todas as tarefas que pretendemos desempenhar, não apenas no trabalho”, ensina.
Embarcar em um projeto pessoal também pode ser uma fonte interessante de motivação, avalia Garrett. “Muitas pessoas reclamam que não conseguem terminar um livro. Comece devagar, tente ler cinco páginas por dia e vá aumentando o número com o tempo. Ter um desafio e mergulhar nele pode tirar a gente dessa estagnação. Se a ideia é tentar aprender um novo idioma, cuidar do jardim ou aprender a fazer uma atividade manual, a regra é a mesma. Comece. Cada vez que você conquistar essa meta, sua motivação se renova”, completa.
Jornalista responsável: Adriano Kirche Moneta