Empresas especialistas em segurança cibernética alertam para o crescimento de golpes que utilizam a guerra entre a Rússia e a Ucrânia para fazer novas vítimas. Os criminosos se aproveitam da comoção criada pelo conflito para tirar dinheiro de quem pretende fazer doações para a população ucraniana. Recentemente, o software de antivírus Avast emitiu um alerta aos seus usuários para o aumento de golpes das doações por meio de criptomoedas, o chamado dinheiro virtual.
Embora estejam sendo utilizadas por golpistas, as criptomoedas vêm realmente ajudando a Ucrânia durante este período. Ao todo, mais de US$ 50 milhões (R$ 253 milhões) em moedas digitais já foram arrecadados pelo Governo para auxílio da nação. Recentemente, foi anunciado inclusive que serão lançados NFTs (tokens colecionáveis fixados na blockchain) para apoio às forças armadas ucranianas. “O uso de criptomoedas para causas humanitárias vêm crescendo mundo afora devido à praticidade e a forma menos burocrática que podem ser utilizadas. Mas é preciso estar atento a alguns fatores para não acabar caindo em golpes que utilizam as doações como pretexto”, afirma Consuelo Rodrigues, da Privacidade+, empresa especializada em proteção de dados e cibersegurança.
Um dos pontos que se deve ter atenção é relacionado a qual moeda está sendo utilizada para a doação. O Governo Ucraniano, por exemplo, recebeu a maioria dos recursos por meio de bitcoin, ethereum, polkadot, dogecoin e solana. Enquanto isso, muitos cibercriminosos estão utilizando criptomoedas lícitas, como monero, zcash e dash, denominadas criptomoedas de privacidade, que têm opção de não serem rastreadas, para os mais diferentes tipos de ações ilícitas. “Não acredite em quem faz o pedido de recursos por meio de links espalhados por redes sociais. Muitas corretoras estão inclusive retirando criptomoedas de privacidade de seus serviços. Elas também estão sendo criticadas por órgãos reguladores exatamente pela falta de rastreabilidade, o que vem alimentando criminosos e ações dentro da dark web”, alerta Consuelo, que também é membro da Comissão de Proteção de Dados e Privacidade da OAB/SP e da Associação Nacional de Profissionais de Privacidade de Dados. “Se for realizar doações em criptos, só realize por meio dos sites oficiais de ajuda humanitária”, completa.
Quem pretende contribuir com essa causa humanitária sem cair nas mãos de golpistas deve garantir que o destino de sua doação seja seguro. “É necessário conferir o nome do usuário que está fazendo a solicitação e o destino da transação. Não se deve confiar quando estas informações são apenas letras e números aleatórios, por exemplo”, explica a especialista.
As redes sociais são um caminho muito utilizado pelos estelionatários para fazer novas vítimas. Por isso, a recomendação é buscar sites oficiais quando for realizar algum tipo de ajuda para a população que está vivendo em guerra. “Não aceite pedidos que chegam pelo WhatsApp, TikTok, ou qualquer outra rede social. Se quer ajudar, faça uma busca por instituições sérias e reconhecidas e acesse diretamente o seu site oficial, sem ser por meio de links compartilhados em mensagens”, aconselha. “Busque por entidades que estão dando ajuda humanitária em portais confiáveis, com indicações de locais que auxiliam com medicamentos, alimentos, cuidados psicológicos, entre diversos outros setores”, conclui a especialista.