Nas últimas semanas, as moedas digitais ganharam espaço nos noticiários com o anúncio do Banco Central do Brasil da previsão de lançamento de uma moeda digital brasileira como uma extensão da física. Apesar de não haver, ainda, uma definição clara de como o ‘real digital’ funcionará, a expectativa do mercado é que ele funcione como a moeda física, mas só exista em um ambiente virtual. O que se espera é que as pessoas possam usá-las para fazer compras e pagar contas, por exemplo. “Elas vieram para ficar e vão, cada vez mais, fazer parte do cotidiano das pessoas”, avalia o administrador com foco em economia, banco digital e fintechs Marcelo Pereira.
No ano passado, segundo levantamento do The Global Payments Report, apenas 35% das operações foram feitas com cédulas. Os cartões são hoje a principal forma de circulação do dinheiro. E isso vai ser ampliado com as moedas digitais. Tanto que existem hoje dois projetos de lei em discussão na Câmara dos Deputados sobre o tema. O PL 2.303/2015 discute o uso de moedas virtuais em operações nacionais como forma de pagamento; e o PL 2.060/2019, versa sobre o reconhecimento das criptomoedas na economia, assim como sua emissão e circulação legal. “É uma categoria com grande potencial de crescimento e que começa a amadurecer no Brasil, ainda vamos ouvir falar muito sobre o assunto”, avalia Marcelo Pereira.
Pereira explica que, mesmo sendo utilizadas frequentemente como sinônimos, as moedas digitais são diferentes das criptomoedas. “As criptomoedas são um subgrupo das moedas digitais e são descentralizadas e criptografadas. Já as moedas digitais são todas criadas e armazenadas eletronicamente, inclusive as que são utilizadas em jogos on-line, por exemplo”, conta.
Mesmo com o crescimento, esse mercado ainda gera muitos debates relacionados à segurança das transações. As moedas digitais emitidas por bancos centrais são controladas por instituições governamentais reconhecidas. Todas as decisões sobre ela são centralizadas numa instituição responsável por regular o sistema financeiro. “Essas autoridades verificam todas as transações e só efetuam a transferência para a conta de destino após conferido o saldo de quem transferiu e confirmado que ele tem aquela quantia. Isso permite bloquear ou congelar contas e transações com suspeitas de irregularidades”, explica Pereira.
Já as criptomoedas passam por um processo diferente, elas são emitidas e distribuídas de forma descentralizada, quem regula o sistema é a própria rede de usuários. “Ao mesmo tempo em que o sistema de segurança das criptomoedas evita fraudes entre os investidores, é difícil rastrear a origem das transações de um indivíduo, devido ao sigilo e segurança dos usuários. Na prática, é necessário primeiro identificar o suspeito na rede e depois rastrear suas transações”, pontua o administrador.
Jornalista responsável: Adriano Kirche Moneta