A pandemia agravou um problema que atinge milhões de mulheres carentes brasileiras: a pobreza menstrual. A falta de acesso a itens básicos de higiene impacta a vida de meninas e mulheres de várias formas. Levantamento nacional coordenado pela antropóloga Mirian Goldemberg, e divulgado pelo programa Fantástico, mostrou que uma em cada quatro jovens já faltou à aula por não poder comprar o absorvente. “Esse número deve ser maior, principalmente nas escolas localizadas em regiões de vulnerabilidade. O problema é que muitas mulheres ainda sentem vergonha de admitir. Ainda há um tabu muito forte sobre algo tão natural como a menstruação”, afirma a cofundadora do Coletivo Mulheres Pela Justiça, a advogada Thaís Cremasco.
E essa realidade levou o Coletivo Mulheres Pela Justiça a participar da campanha nacional #MeninaAjudaMenina, promovida por uma marca de absorventes. “É um movimento de conscientização sobre o problema e para incentivar a doação às mulheres que não têm acesso a esse produto básico de higiene. Por meio de uma parceria com o grupo P&G vamos distribuir 100 mil absorventes às mulheres carentes de Campinas”, explica Thaís.
O coletivo foi escolhido pelo grupo P&G para receber as doações após uma postagem nas redes sociais sobre o tema. “No próximo dia 15, faremos a Caravana da Pobreza Menstrual para distribuir os absorventes a mulheres nas periferias de Campinas”, completa Thaís.
Antes disso, o coletivo já havia participado de uma campanha com outras entidades para distribuir kits de higiene a mulheres que estão em presídios da região.
A ONU reconheceu que o direito das mulheres à higiene menstrual é uma questão de saúde pública e de direitos humanos. O coletivo feminista do qual a advogada faz parte atua em várias frentes para combater a violência doméstica, tratar agressores e ajudar as mulheres a terem uma vida mais digna. Nessa luta, uma das frentes de atuação é o combate à pobreza menstrual. “Temos voluntárias de várias áreas e uma atuação que transcende a orientação jurídica e psicológica. Atuaremos onde houver possibilidade de dar mais dignidade às mulheres”, diz Thaís.
Thaís conta que a pobreza menstrual traz prejuízos também para a saúde física das mulheres. Sem acesso ao produto, elas usam papel higiênico, tecidos e até miolo de pão para conter o sangramento, ampliando as chances de desenvolver infecções. “O preço desse item de higiene é muito caro para a realidade da mulher periférica. Os absorventes, assim como os preservativos, têm que ser distribuídos gratuitamente nos postos e centros de saúde”, diz.