Os brasileiros crescem escutando de seus pais e avós que o investimento na compra de imóveis é uma cartada certa para aqueles que querem garantir um futuro digno e até mesmo ganhar dinheiro com segurança. O maior trunfo, diziam, é a valorização que eles recebem anualmente. Mas será que investir em imóveis ainda é um negócio lucrativo e certo?
O gestor de riscos financeiros Yuri Utida explica que essa fama dos imóveis fez muito sentido em décadas passadas. Quando o Brasil deixou de ser um país majoritariamente rural e iniciou o seu processo de urbanização, os imóveis sofreram uma valorização alta. Mas, com a consolidação dessa nova característica, a margem para essas grandes alavancagens despencaram. O que se vê, hoje, é que eles têm um rendimento baixíssimo quando alugados a terceiros, e estão bem longe daquela valorização alardeada pelos nossos pais. “As pessoas tendem a confundir correção inflacionária com valorização e pensam que estão investindo de forma conservadora, mas não é bem assim. Os imóveis têm o seu valor aumentado ano após ano, em boa parte, apenas devido à inflação que se acumula, o que não significa que eles estão valendo mais, apenas não perderam o valor de mercado”, explica.
O especialista conta que a pandemia do novo coronavírus veio para mostrar que imóveis não têm necessariamente um retorno seguro e rentável. “Um em cada quatro imóveis ficou vago e muitos outros foram renegociados para valores menores. Nestes momentos de crise, eles se tornam uma verdadeira ‘pedra no sapato’ do proprietário que queira se desfazer de um bem, pois ou precisa esperar um tempo indeterminado até que apareça um bom negócio, ou o venderá rápido por uma quantia bem abaixo do seu valor, além da taxa que será paga ao corretor e tributos de transferências. No fim, a perda é dupla: é seu dinheiro que fica imobilizado, perdendo valor e deixando de render em opções melhores e mais flexíveis”, pontua.
Cálculo feito pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) mostrou que de 2009 a 2019 os imóveis valorizaram cerca de 9,4% ao ano. O número, embora seja maior do que índices como a poupança, Selic e CDI, ainda é muito baixo quando comparado a outras oportunidades do mercado. A rentabilidade do Ibovespa em 2019, por exemplo, chegou a 31%.
Yuri reforça que o mercado dispõe de opções bem mais lucrativas e seguras para quem quer investir. A chave é a informação. “A falta de conhecimento e de acompanhamento especializado fazem as pessoas tomarem decisões erradas com o seu dinheiro. Há uma infinidade de fundos (inclusive imobiliários) que um bom consultor pode te indicar após entender sua realidade e objetivos, além de seguros 100% resgatáveis em poucos anos, com boa rentabilidade e segurança maior que a de imóveis”, diz.
Utida reforça a necessidade de procurar bons profissionais do setor de investimentos para não cair em armadilhas na hora de destinar suas economias. “Não se deixe iludir pelas propagandas que afirmam que tal rendimento é 100, 200% melhor do que a poupança ou a taxa Selic. A Selic está rendendo somente 2% ao ano e a poupança menos do que isso, se você duplicar ou até triplicar esse valor, o resultado ainda será muito pequeno. Existem diversas outras opções mais rentáveis no mercado, basta pesquisar e conhecer melhor as oportunidades”, completa.