A pandemia transformou as relações humanas no trabalho, na sociedade e principalmente a relação com a casa. Além de descanso, os lares passaram a ser local de trabalho e de lazer. A busca por conforto e por um ambiente agradável impulsionou o mercado de arquitetura e decoração. O legado do home office é o crescimento de uma tendência que teve seu auge na década de 1960: o design biofílico.
As arquitetas e urbanistas Julianne Campelo e Rafaela Costa, da Criare Ambientes Planejados, explicam que a biofilia é caracterizada pela reconexão das pessoas com a natureza. As urbanistas contam que recebem pedidos de jardins cada vez maiores, projetos que integram ambientes internos e externos e, muitas vezes, jardins dentro das casas, como os jardins verticais. “Projetos meramente estéticos e cheios de tendências perderam espaço para projetos sensoriais, funcionais e, acima de tudo, que traduzam a personalidade de quem mora. Hoje, 90% dos projetos que fazemos, sejam residenciais, comerciais ou corporativos, têm a preocupação de criar espaços que tragam bem-estar. A biofilia ganha espaço justamente porque oferece isso”, comenta Rafaela Costa.
As especialistas contam que a integração entre os espaços internos e externos, além de proporcionar ambientes mais amplos, favorece a iluminação e ventilação naturais, características presentes nos projetos biofílicos cada vez mais presentes nos lares brasileiros.
Juliane Campelo acrescenta que o design biofílico vai além do uso de plantas na decoração. “Outro conceito da biofilia na arquitetura é o uso de luz natural, de elementos como a pedra, palha, madeira, tons terrosos e cores mais quentes. Todos esses aspectos trazem maior conexão visual e sensorial com a natureza”, diz.
Arquitetura da Felicidade
Trazer a natureza para dentro de casa tem benefícios que extrapolam o conforto e a beleza. “Estudos científicos já comprovaram que o uso e aproveitamento de luz natural, do verde e de outros elementos naturais melhoram o bem-estar, o humor, a produtividade e trazem conforto emocional. As pessoas ficam mais felizes num espaço assim”, completa Julianne.