Pagar uma compra no cartão de débito pode parecer uma atividade corriqueira e até ultrapassada já que celulares fazem pagamentos por aproximação, mas ainda existem 34 milhões de brasileiros que não têm acesso a conta bancária. E esse número só não é maior por causa da pandemia, que levou muita gente a abrir uma conta para receber o auxílio emergencial ou outros programas assistenciais. Na avaliação do administrador com foco em economia, banco digital e fintechs, Marcelo Pereira, as altas taxas de administração, conservadorismo e até mesmo medo de perder o dinheiro afastam os brasileiros dos bancos.
Para os desconfiados, Pereira explica que o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) ressarce o cliente em até R$ 250 mil em caso de falência do banco. Ele afirma que o brasileiro corre mais risco e perde dinheiro ao manter o seu salário embaixo do colchão. “Ao deixar seu dinheiro em casa, você corre o risco de perder, de acidentes e até mesmo de roubo. No banco, seu dinheiro rende juros e você tem a opção de aumentar o patrimônio”, diz.
O administrador avalia que os bancos digitais são uma boa opção para quem quer abrir uma conta, mas não quer ver seu dinheiro sumir em altas taxas nem pretende encarar longas filas toda vez que precisar resolver algo em banco. “Com os celulares, hoje se tem fácil acesso e controle de toda a sua conta pelos aplicativos. É possível cadastrar débitos, conferir extratos, fazer investimentos, empréstimos e até contratar seguros sem ter que ir ao banco”, completa.
Outra vantagem que pode ajudar quem está preocupado em controlar gastos são os cartões pré-pagos. “Eles permitem controlar com rigor o quanto se pode gastar em um mês, basta carregá-los com o orçamento previsto para cada mês”, explica.
Pereira lembra que muitos bancos digitais oferecem taxas de manutenção baixas ou mesmo zeradas quando há depósitos diretos ou um saldo mínimo. “Essas práticas dos bancos tradicionais de cobrarem por todo tipo de serviço que oferecem levaram muitas pessoas a desistir de ter uma conta bancária, mas hoje, se você pesquisar, vai encontrar várias opções de instituições que oferecem acesso gratuito”, completa.
As contas digitais são indicadas também para as pessoas que são rejeitadas pelos bancos tradicionais. “Há um erro no sistema, originado das instituições, que faz com que a pessoa que teve um problema com cheque há 20 anos, por exemplo, continue sendo rejeitada, mesmo que já tenha resolvido a pendência. Já na maioria dos bancos digitais, ela vai ser aceita e pode voltar a ter uma vida bancária”, afirma Marcelo.
Cuidados
Como tudo no mundo virtual, é preciso ter cuidado para escolher um banco digital. “Eles fazem ofertas tentadoras, dizem que o seu dinheiro vai render muito mais do que em outros, mas fique atento. O Banco Central do Brasil disponibiliza em seu site (www.bcb.gov.br) uma relação de instituições em funcionamento no país. Sempre pesquise sobre elas antes de depositar o seu dinheiro”, aconselha.
Dicas para escolher uma conta digital:
– Busque uma sem taxas de manutenção
– Teste o aplicativo e site para ver se são de fácil entendimento e uso
– Veja se oferece outros serviços: como recarga de celular, maquininhas
– Observe se oferece ferramentas para que você possa acompanhar seus gastos, criar um orçamento e compará-los
– Certifique-se que envia notificações de todas as transações e atividades que ocorrerem na sua conta
– Cheque se realiza pagamentos diretamente pelo aplicativo/site
– Pesquise se tem um canal acessível para reclamações e resolução de problemas que possam ocorrer
Jornalista responsável: Adriano Kirche Moneta