Na última semana o noticiário foi dividido entre o agravamento da pandemia e a crise política que está movimentando Brasília. Você pode até não gostar de política e não acompanhar as notícias, mas o desdobramento disso vai pesar diretamente no seu bolso. O gestor de risco e especialista em planejamento financeiro Hilton Vieira explica que a combinação da crise sanitária e econômica com a instabilidade política interfere diretamente no preço dos alimentos que você coloca na mesa. “O preço do cafezinho, do pão, da carne e até mesmo os aluguéis vai subir”, afirma.
Segundo o gestor de riscos, isso acontece porque esse cenário provoca a fuga de investidores estrangeiros, a desconfiança dos brasileiros sobre o destino da economia e a desvalorização do real. Quando um investidor estrangeiro aplica o seu dinheiro em um país, ele fomenta a economia, gerando empregos e favorecendo o consumo. “Quando ele sai, o mercado retrai, aumenta o desemprego e cai a renda do trabalhador, que diminui os gastos, reduzindo ainda mais o mercado consumidor. Menor consumo, menos empregos, preços mais altos, é uma bola de neve. E essa situação se agrava com um auxílio emergencial tão baixo que não tem fôlego para movimentar a economia”, completa.
Vieira explica que outra consequência dessa combinação de fatores é a elevação do dólar e a desvalorização do real. “Isso provoca o aumento dos preços de importados e das commodities, como soja, milho e açúcar, já que os produtores rurais preferem vender para o Exterior e receber em dólar. E é aqui que o preço do cafezinho aumenta, já que a baixa oferta no mercado eleva os preços. No final, quem sempre paga a conta dessa instabilidade é o consumidor”, diz.
Esse cenário também causa a alta do IGP-M, que subiu mais de 20%. “Esse aumento impactou não só os produtos de consumo direto, como alimentação, mas encareceu os relacionados à construção civil, como o cobre, além de ser responsável pelo alto valor dos aluguéis. A solução para o último caso é negociar os valores com os locadores, que estão sendo estrategicamente empáticos por causa da pandemia e preferem entrar em acordo para pagamento de um aluguel menor do que ficar com seus imóveis vazios”, diz.